
O bilionário Elon Musk recuou nesta quarta-feira (11) após uma série de ataques públicos ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em postagem na plataforma X — que pertence ao próprio Musk — o empresário admitiu que “foi longe demais” em suas declarações contra o republicano, com quem manteve aliança política e empresarial nos últimos meses.
“Eu me arrependo de algumas das minhas postagens sobre o presidente @realDonaldTrump na semana passada. Elas foram longe demais”, escreveu Musk.
A crise entre os dois começou após a saída abrupta do empresário do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), órgão criado por Trump durante seu mandato para aproximar empresários da estrutura federal. Em seguida, Musk passou a criticar o projeto de reforma tributária do presidente, que prevê cortes massivos de impostos corporativos.
O estopim veio com uma postagem em que Musk insinuou que Trump estaria ocultando a chamada “lista de Jeffrey Epstein”, mencionando o nome do presidente entre os supostos beneficiários dos esquemas do financista condenado por tráfico sexual. O post gerou forte reação pública e foi apagado horas depois, junto com a ameaça do empresário de suspender a missão da SpaceX Dragon em parceria com a Nasa.
A resposta da Casa Branca foi imediata. Trump declarou que não pretende manter diálogo com Musk “por um tempo” e ameaçou cancelar contratos federais com empresas do bilionário. Atualmente, Musk é beneficiário de cerca de US$ 3 bilhões em contratos com agências como a Nasa e o Departamento de Defesa, segundo levantamento do New York Times.
Entre os serviços contratados estão lançamentos de satélites, projetos de infraestrutura espacial e transporte estratégico para agências de inteligência. A eventual ruptura colocaria em risco uma parte significativa do império construído por Musk junto ao governo federal.
No mercado financeiro, o episódio provocou perdas bilionárias. A Tesla viu seu valor de mercado cair 14% nesta semana, o que representa uma perda de US$ 152,4 bilhões. Segundo o JP Morgan, a montadora também pode perder até US$ 1,2 bilhão por ano caso a reforma fiscal de Trump avance no Congresso, eliminando subsídios e incentivos que beneficiam o setor de carros elétricos.
Embora o recuo público tenha sido interpretado como uma tentativa de conter danos, a tensão entre os dois nomes de maior influência na direita americana expõe o grau de fragilidade nas alianças políticas em torno de interesses econômicos.
