
Brasil justificou abstenção alegando que “tom da resolução não ajuda a promover diálogo”
A delegação brasileira se absteve na votação da resolução da Assembleia Geral da ONU que cobra o retorno imediato de crianças ucranianas sequestradas pela Rússia. O texto teve 91 votos favoráveis, 12 contrários e 57 abstenções — atingindo a maioria de dois terços.
Desde o início da invasão russa à Ucrânia, organizações internacionais denunciam o “deslocamento forçado” de milhares de ucranianos menores de idade pela Rússia. O tema ganhou ainda mais peso quando o Tribunal Penal Internacional, em Haia, emitiu ordem de prisão contra Vladimir Putin pelo crime de guerra relacionado à deportação das crianças.
A ONU afirma que 20 mil crianças foram deportadas e que “muitas ainda não foram localizadas” ainda. A resoução aprovada exige o retorno “imediato, seguro e incondicional” de todas.
A Rússia rejeita as acusações, classificando-as como “mentirosas”, e disse que a discussão na ONU prejudica esforços pela paz. “O objetivo deste texto, claramente, não é ajudar as crianças”, afirmou a representante russa na organização, que acusou a resolução de promover “narrativas falsas”.
O Brasil reiterou seu “firme apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia” e defendeu “a importância de repatriar crianças deportadas ou transferidas no contexto deste conflito”. Apesar disso, se absteve por considerar que “o tom do texto não contribui para fomentar o diálogo”.
A resolução, aprovada na última quarta (10), determina que a Rússia:
garanta o retorno das crianças transferidas à força ou deportadas;
interrompa novas práticas de deportação, separação familiar ou mudança de cidadania;
e seja monitorada pelo Secretário-Geral da ONU, encarregado de acompanhar o caso.
