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MP recomenda afastar servidores por perdas bilionárias do Rioprevidência no Banco Master
Publicado em 27/11/2025 10:40
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Daniel Vorcaro não estava fugindo quando foi preso em Guarulhos no último dia 17. Nem estava enganando o Banco Central em relação aos acordos negociados com grupos nacionais e estrangeiros para resolver a crise de crédito do Banco Master e resgatar sua credibilidade no mercado. Quem diz isso não sou eu, mas o próprio BC.

 

Em resposta a ofício da defesa de Vorcaro, o órgão comandado por Gabriel Galípolo admitiu ontem que estava ciente de TODOS os movimentos do banqueiro. Pior, nove horas antes de ser detido pela Polícia Federal, Vorcaro realizou uma videoconferência com os diretores e supervisores do Departamento de Fiscalização do BC.

 

Esse órgão diz que, na reunião, Vorcaro “informou sobre as ações em curso para mitigar a crítica situação de liquidez do Conglomerado, informando que naquela data estava em tratativas com a Mastercard Brasil para formalizar novas condições contratuais que permitissem a liberação de recursos até então bloqueados em garantia, com o propósito de obter recursos suficientes para honrar as grades de liquidação do arranjo de pagamento”.

 

“Na sequência, passou a discorrer sobre as negociações em curso na busca de uma solução de mercado para o Conglomerado Master, tendo trabalhado para alienar o Grupo em três partes e para diferentes investidores. Informou ter sido essa a motivação para ter solicitado a antecipação da audiência agendada para o dia 19 de novembro de 2025, pois pretendia divulgar, até o final do dia 17 de novembro de 2025, a venda do Banco Master S.A. para um grupo de investidores nacional, e que viajaria para Dubai, nos Emirados Árabes, naquele mesmo dia, para a assinatura do contrato e anúncio da operação com o grupo de investidores estrangeiro que também passariam a integrar o novo bloco acionário da instituição. Sobre essa transação, disse que iria realizar naquela mesma tarde reunião por videoconferência com representantes do Departamento de Organização do Sistema Financeiro para informar que estariam, naquela mesma data, protocolando o contrato de intenção de compra e venda para o início do processo de autorização junto ao BCB. Por fim, informou que esperava assinar o contrato de alienação da Will Financeira no dia 18 de novembro de 2025 e que estava trabalhando para anunciar até o final da semana a venda do Banco Master de Investimentos.”

 

Além de comunicar todos os seus passos ao BC — o que vinha acontecendo desde a negativa à operação com o BRB –, Vorcaro já havia planejado até a cerimônia de assinatura da venda do banco. As tratativas para a alienação da Will Financeira eram públicas, envolviam agentes conhecidos — até Luciano Huck pensou em comprá-la –, e o monitoramento da mídia.

 

Em ofício, BC admite que estava a par de todas as negociações de Vorcaro

Em ofício, BC admite que estava a par de todas as negociações de Vorcaro

Parte da mídia, aliás, vinha há mais de ano numa verdadeira campanha de desqualificação do Master e de Vorcaro, o que parece ter levado o empresário a investir em veículos que pudessem defendê-lo de tamanho assédio.

 

Essa parte da mídia custa a admitir agora que as razões alegadas para a liquidação antecipada do Master não se sustentam, assim como a principal acusação da Polícia Federal sobre a tal carteira fantasma de créditos consignados que teria deixado um rombo de R$ 12 bilhões no BRB, que, na verdade, substituiu as carteiras quando identificou fragilidades.

 

Vorcaro parece ser um empresário de perfil agressivo, além de homem de hábitos extravagantes; duas características muito comuns na Faria Lima. É certo que se valeu de lacunas legais, de uma regulação frágil e de ampla rede de relacionamento, no mercado, na política e no Judiciário, para fazer seu negócio avançar; modus operandi muito comum no Brasil.

 

Mas é obrigatório que decisões administrativas ou judiciais sejam bem fundamentadas, sob risco de servirem à impunidade, como vimos acontecer recentemente em grandes casos envolvendo grupos bilionários. Estou acostumado com escândalos políticos e fraudes bancárias. Já vi muitas ao longo de quase 30 anos de jornalismo. Também estou acostumado com operações políticas com o uso da máquina, seja de um órgão regulador, de fiscalização ou de persecução penal.

 

Em todos os casos, o papel da mídia é essencial para escrutinar o que há de errado, seja por parte do alvo das investigações ou dos investigadores. Fraudar o mercado é tão grave quanto abusar do poder. Se querem mesmo abrir uma CPI do Master, será uma ótima oportunidade para se investigar o próprio Banco Central de Gabriel Galípolo.

 

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