
Lideranças de oposição acreditam ter votos suficientes na Câmara dos Deputados para a aprovação da anistia, mas esse quadro favorável não se repete no Senado. Fora que Davi Alcolumbre, aliado de Alexandre de Moraes, já avisou que não pautará o texto — deixando os deputados pouco à vontade para colocar a digital num tema sensível em ano pré-eleitoral.
Se não há chances de anistia agora, a dosimetria parece ser o único caminho viável para reduzir o sofrimento de Jair Bolsonaro, de seus aliados e dos condenados do 8 de janeiro. Não só dos que estão presos, mas também de suas famílias. A pergunta que deve ser feita agora é: por quanto tempo?
No caso de Bolsonaro, ele teria de cumprir ao menos 6 anos e 9 meses em regime fechado, antes de obter a progressão para o semiaberto. O PL da dosimetria pode reduzir esse período para cerca de 2 anos. Moraes já foi consultado sobre o texto e concordou, assim como Gilmar Mendes e outros ministros.
São eles que mandam no país agora e nada passa sem seu aval. É assim que funciona numa Juristocracia. Nos bastidores, cogita-se que Bolsonaro, após a aprovação da dosimetria, poderia voltar para a domiciliar dentro de alguns meses, por ‘razões humanitárias’. Seria um alívio para Michelle e Laurinha, que se agarram em orações diárias.
Ontem, a realidade da prisão bateu à porta de um ex-presidente e até de generais, de forma inédita, ilegal e brutal. Mas a política em Brasília já se adapta ao novo cenário, de olho em 2026. Sem povo na rua e com pesquisas indicando que a maioria do eleitorado quer virar a página, Bolsonaro, Heleno, Anderson, Garnier, Paulo Sérgio e Braga Netto serão esquecidos em pouco tempo.
Insistir na anistia, como quer Flávio e Eduardo Bolsonaro, parece cada vez mais uma estratégia suicida e… oportunista.
