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Paes xingou chanceler alemão de “filhote de Hitler” por não gostar de Belém, mas já chamou Maricá de “merda de lugar”
Publicado em 19/11/2025 12:19
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Confesso que evitei como pude o assunto COP-30 em Belém do Pará, em primeiro lugar, para não sofrer de vergonha alheia.

 

Sobrevoei as manchetes para não ficar completamente por fora, e o que apareceu foi confirmando a previsão: obras atrasadas, gastos exorbitantes, delegações estrangeiras cancelando presença, Lula fazendo viagem no meio do evento para prestar solidariedade à ditadura da Venezuela, o preço dos salgadinhos e um bizarro desfile de atores vestidos de bicho.

 

Até o clássico episódio dos Simpsons, em que os ratos nas favelas cariocas eram tingidos com cores berrantes para melhorar as aparências, é mais fácil de assistir.

 

Para minha surpresa, descubro agora que a conferência climática em Belém ainda tem dois dias pela frente. O clima é de “já acabou”, é de enterro.

 

O que pode ter assentado esse clima de “já acabou” foi o comentário do chanceler alemão Friedrich Merz. Já de volta a seu país, ele disse:

 

“Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos.”

 

O chucrute não combinou com o tacacá. Para dizer o mínimo. Percebam que a referência a Belém é apenas indireta. Sequer chamou a cidade de feia, apenas insinuou por tabela. Daí vieram duas respostas para provar que o problema no Brasil não é só saneamento básico, mas também de espírito.

 

Eduardo Paes baixa o nível, mais uma vez

Não são só as ruas das periferias de Belém que têm esgoto a céu aberto, como relataram muitos moradores nas redes sociais. O chorume também pode ser visto na postura do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Em manifestação no X na manhã de ontem, agora apagada, ele xingou Merz de “filhote de Hitler vagabundo! Nazista!”

 

Tweet deletado de Eduardo Paes.

Tweet deletado de Eduardo Paes.

Resta saber, pela falta de pontuação, se o “vagabundo” era Hitler ou Merz.

 

Essa postura janjoica de Paes não é nova. Ele já provou antes que “classe” não pode ser usada no Brasil como sinônimo de compostura, por causa de líderes políticos e ricos como ele.

 

Em março de 2016, em conversa por telefone com Lula grampeada pela Lava Jato, Paes chamou o município fluminense de Maricá de “merda de lugar”. Ele estava brincando com Lula sobre o famoso sítio de Atibaia:

 

“Da próxima vez, o senhor me para com essa vida de pobre, com essa alma de pobre, comprando esses barcos de merda, sitiozinho vagabundo. Eu falo o seguinte: imagina se fosse aqui no Rio, esse sítio dele. Não é em Petrópolis, não é em Itaipava, é como se fosse Maricá, é uma merda de lugar.”

 

Lula apenas riu e não rejeitou a premissa da piada, que o sítio era mesmo dele.

 

Não satisfeita em ser insultadas, as autoridades de Maricá deram a Paes o título de cidadão honorário em 2022. Envolvido na homenagem estava o ex-prefeito petista Washington Quaquá, que também está ajudando Paes nos planos para as eleições de 2026.

 

Também muito “classudo”, Quaquá, agora deputado, desferiu um tapa na cara do colega Messias Donato (Republicanos-ES) dentro do Congresso. Longe de arrependido, o petista comentou “Comigo a porrada canta. Bati mesmo e, se puder, bato de novo”.

 

Senado perde tempo respondendo ao chanceler

Assim como Fernando Henrique Cardoso, ainda presidente em 2002, perdeu tempo respondendo com indignação ao episódio dos Simpsons por um porta-voz, o Senado também resolveu confirmar que o Brasil é um país com ego muito frágil.

 

A casa legislativa aprovou na terça (18) um “voto de censura” contra Merz, a ser entregue pelo Itamaraty ao governo alemão. A nota de repúdio foi articulada pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), com apoio dos também nortistas Randolfe Rodrigues (PT-AP) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

 

Marinho chegou a alegar que a indireta de Merz contra Belém carregava “um tom xenófobo e preconceituoso”. O que ele tem a dizer para Eduardo Paes, que presumiu que o homem é um “filhote de Hitler” só por ser alemão?

 

Se ao menos notas de repúdio pudessem apagar, dos dados do IBGE, que Belém é a capital mais favelizada do Brasil, com 60% da população vivendo em condição precária… O esgoto a céu aberto, aliás, não é uma piada nem minha, nem dos Simpsons; é um fato.

 

Não gosto de chamar o Brasil de “Bostil”, como fazem muitos jovens, mas não posso dizer que estão errados quando é bem possível que vivam em lugares como bairros de Belém, em que é justamente isso o que veem flutuando pelas ruas.

 

É justamente por gostar do Brasil e torcer para que ele melhore, apesar da forte resistência de sujeitos como Paes, Lula, Randolfe e Marinho, que sofro de vergonha alheia. Pois não é só uma vergonha alheia, é uma vergonha minha, como brasileiro.

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