
Liquidação também se deu pela deterioração da situação econômico-financeira do grupo
O Banco Central (BC) afirmou em nota que a liquidação extrajudicial do Banco Master foi motivada pela crise de liquidez do grupo, pelo comprometimento de sua situação econômico-financeira e pela identificação de “graves violações às normas que regem a atividade das instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN)”.
Segundo o BC, a escolha pelo Regime Administrativo Especial Temporário (Raet) para o Banco Master Múltiplo S.A. “mostrou-se a mais adequada”, diante de “a possibilidade concreta de solução que preserva o funcionamento da sua controlada Will Financeira”.
Justiça bloqueia R$ 12,2 bilhões do BRB e Banco Master após operação da PF
Na nota, o BC acrescentou que continuará adotando todas as medidas necessárias para apurar responsabilidades dentro de suas competências legais. O resultado das investigações, segundo a autarquia, “poderá levar à aplicação de medidas sancionadoras de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis”.
PRISÃO DE VORCARO
A Justiça Federal do DF decidiu manter a prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, após audiência de custódia realizada na tarde de terça (18). Ele havia sido detido pela Polícia Federal em São Paulo quando se preparava para embarcar em um voo internacional.
A manutenção da prisão ocorre no contexto da Operação Compliance Zero, que apura um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos envolvendo o Master e o BRB.
A defesa informou que protocolaria um pedido de habeas corpus para tentar reverter a decisão, mas o caso ainda não foi apreciado. Vorcaro permanece preso.
Os advogados também solicitaram que ele seja mantido na carceragem da PF em São Paulo por razões de segurança. A juíza responsável pediu que a corporação informe se há condições de atender ao pedido antes de decidir.
A defesa questiona a necessidade da prisão preventiva, sustentando que as buscas já foram concluídas e que a liquidação extrajudicial do Master afasta qualquer risco de interferência nas investigações. A equipe jurídica acrescenta que a viagem a Dubai não configuraria fuga, pois Vorcaro teria reunião marcada com um fundo interessado na compra do banco, além de possuir vínculos familiares no Brasil.
OPERAÇÃO COMPLIANCE ZERO
A operação apura crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa. Segundo a investigação, o BRB transferiu R$ 12,2 bilhões ao Master sem justificativa — R$ 6,7 bilhões em contratos considerados falsos e R$ 5,5 bilhões relativos a prêmios por suposta valorização de carteiras.
As transações teriam ocorrido antes do anúncio público da intenção de compra do Master, em março, e se estendido até maio deste ano.
