
Coaf rastreou repasses da Amar Brasil à empresa do empresário investigado
Chamado a depor nesta terça (18), o empresário João Carlos Camargo Júnior, conhecido como “alfaiate dos famosos”, compareceu à CPMI do INSS com um habeas corpus e decidiu permanecer em silêncio na maior parte do depoimento.
Mesmo assim, foi apontado por parlamentares como peça-chave no esquema que desviou recursos de aposentados e pensionistas por meio de associações de fachada.
Segundo o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), documentos mostram que a MKT Connection Group, empresa de Camargo, recebeu mais de R$ 31 milhões da Associação Amar Brasil, investigada por atuar no esquema.
A Camargo Alfaiataria também teria recebido R$ 1,7 milhão da mesma entidade, sem comprovação de serviços prestados.
O relator afirmou que pedirá ao Supremo Tribunal Federal a prisão do empresário.
Gaspar classificou Camargo como “elo principal” da organização criminosa investigada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União.
Segundo ele, o empresário estaria ligado a um grupo que operou descontos fraudulentos em benefícios previdenciários, envolvendo nomes como Américo Monte Júnior, Anderson Cordeiro de Vasconcelos, Felipe Macêdo Gomes, José Branco Garcia e Igor Dias Delecrode.
Relatório do Coaf reforçou as suspeitas ao identificar transferências superiores a R$ 31 milhões da Amar Brasil para a MKT Connection Group.
O empresário também já foi sócio de outras empresas relacionadas a investigados, incluindo a Kairos Representações.
CPMI do INSS aponta “alfaiate dos famosos” foto: Agência Senado
CPMI do INSS aponta “alfaiate dos famosos” foto: Agência Senado
Camargo negou irregularidades e afirmou que seus serviços foram prestados “dentro da legalidade”, com impostos pagos e renda compatível com sua atividade empresarial.
Ele alegou que a citação de sua alfaiataria no esquema é “injusta”.
CPMI aponta ainda mais fraudes
A CPMI aponta ainda que Camargo possui mais empresas do que declarou, o relator identificou 14 CNPJs ligados a ele.
Gaspar também destacou a atuação do contador Mauro Palumbo Concílio, que presta serviços a empresas de Camargo e dos outros investigados, e o apontou como peça relevante na montagem do núcleo empresarial do esquema.
A comissão sustenta que o grupo movimentou mais de R$ 700 milhões em fraudes contra aposentados e pensionistas.
Parte desses valores teria sido lavada por meio da empresa Rob Comércio, ligada a Juliana Campos da Silva, beneficiária de programas sociais.
