
Mudança de posição de Trump desencadeou avanço do projeto que exige a divulgação de documentos
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos vota nesta terça-feira (18) um projeto que obriga o Departamento de Justiça a divulgar arquivos não classificados relacionados ao caso Jeffrey Epstein. A proposta chega ao plenário após uma reviravolta do presidente Donald Trump (Republicano), que até o último fim de semana trabalhava para impedir a medida.
Caso seja aprovado, o texto segue para o Senado.
Durante meses, Trump resistiu à divulgação dos documentos. A postura contrariava promessas feitas durante a campanha, quando o então candidato afirmava que tornaria públicos todos os detalhes da investigação federal sobre Epstein.
No domingo (16), o presidente mudou o tom e declarou que os republicanos deveriam votar a favor da liberação, afirmando que “não há nada a esconder”.
Projeto avança
A votação foi viabilizada por uma petição de desarquivamento, manobra rara que permite contornar a liderança da Câmara. A iniciativa foi conduzida pelo republicano Thomas Massie e pelo democrata Ro Khanna, que conseguiram apoio suficiente para levar o tema diretamente ao plenário.
Apesar do avanço, parlamentares de ambos os partidos afirmam que ainda há dúvidas sobre o alcance da divulgação. Isso porque o texto permite que o Departamento de Justiça mantenha sob sigilo materiais ligados a investigações em andamento — algo que pode restringir significativamente o conteúdo revelado.
Vítimas de Epstein enviaram na última sexta-feira (14) uma carta ao Congresso pedindo que a liberação seja integral e destacando que o caso não deve ser tratado como disputa partidária.
A intensificação do debate ocorreu após democratas divulgarem e-mails nos quais Epstein menciona diretamente o presidente Trump. Em um dos trechos, ele afirma que o republicano “sabia das meninas” e relata que Trump teria passado horas com uma delas em uma de suas propriedades.
A Casa Branca, porém, afirma que não há evidências de irregularidades envolvendo o presidente.
Se aprovado, o Departamento de Justiça terá de divulgar:
documentos não classificados das investigações envolvendo Epstein e Ghislaine Maxwell;
registros sobre a prisão e morte do financista;
listas de voo de aeronaves usadas por ele;
nomes mencionados em acordos civis, imunidades e delações;
arquivos relacionados a entidades ligadas às redes financeira ou de tráfico operadas por Epstein;
comunicações internas que embasaram decisões sobre investigações e acusações.
Após liberar o material, o Departamento terá 15 dias para entregar ao Congresso um relatório listando o que foi divulgado, o que foi retido, os motivos legais das restrições e os nomes de autoridades e pessoas politicamente expostas citadas nos documentos.
