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Comando Vermelho se expande na Amazônia e explora dendê em terras indígenas
Publicado em 11/11/2025 17:32 • Atualizado 11/11/2025 17:33
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Facção cooptou garimpeiros e lideranças locais para controlar territórios e diversificar fontes de lucro, alertam PF e MPF

O Comando Vermelho (CV) vem ampliando seu controle sobre áreas rurais na Amazônia por meio da cooptação de garimpeiros e lideranças locais.

 

A facção criminal atua em terras indígenas, comunidades quilombolas e regiões de baixa presença estatal, explorando atividades como garimpo e o cultivo de dendê para diversificar suas fontes de financiamento.

 

Autoridades da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) classificam a expansão como uma nova fase do domínio do crime organizado, que replica na floresta o modelo de controle territorial já conhecido das favelas urbanas.

 

A informação é do O Globo.

 

 

Rotas do tráfico e exploração do dendê 

No Amazonas, o CV domina a Rota do Solimões, usada para transportar cocaína da Colômbia e do Peru para outros estados e o exterior.

 

Além do tráfico, os criminosos passaram a investir no dendê, explorando regiões produtoras no Pará, que concentra 97% da produção nacional, com valor agregado de R$ 2,3 bilhões em 2024, segundo o IBGE. Na Bolsa da Malásia, a tonelada do óleo de palma alcançou US$ 989 (aproximadamente R$ 5,3 mil).

 

Em Tomé-Açu (PA), a PF identificou que indígenas inicialmente contrataram membros do CV para proteção em conflitos locais. Os criminosos, entretanto, perceberam a rentabilidade da região e passaram a explorar o comércio do dendê por conta própria.

 

— Eles foram levados para fazer segurança e depois começaram a explorar por conta própria — explicou o delegado Lucas Sales, da PF.

 

 

O Comando Vermelho (CV) vem ampliando seu controle sobre áreas rurais na Amazônia por meio da cooptação de garimpeiros e lideranças locais.foto: PF

O Comando Vermelho (CV) vem ampliando seu controle sobre áreas rurais na Amazônia por meio da cooptação de garimpeiros e lideranças locais.

foto: PF

Operações recentes da PF prenderam líderes do CV em oito municípios paraenses, parte de uma megaoperação que também mirou 32 chefes da facção no Rio de Janeiro.

 

Conflitos e violência nas comunidades

Relatórios da Força Nacional e do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) destacam o aumento da tensão em aldeias e territórios indígenas, com relatos de homicídios, baleamentos e deslocamento forçado de famílias.

 

Em Acará (PA), por exemplo, o cacique foi orientado a não retomar áreas invadidas pela facção, mas conflitos ocorreram, aumentando o risco de retaliação.

 

No Amazonas, a Funai registrou a imposição de “toques de recolher” em comunidades do Rio Abacaxis, enquanto mulheres indígenas relataram violência física e sexual em regiões do Alto e Médio Solimões.

 

 

Em Roraima, garimpeiros reingressaram em áreas Yanomami recentemente retomadas, incluindo pontos logísticos vinculados a facções criminosas. No Mato Grosso, a Terra Indígena Sararé passou por ação de desintrusão após garimpeiros ligados ao CV causarem desmatamento recorde, segundo dados do Ibama.

 

O Ministério da Justiça afirmou que atua de forma “permanente” na prevenção, investigação e repressão de crimes ambientais, garimpo ilegal e atividades ilícitas que afetam comunidades tradicionais. Em 2025, operações conjuntas resultaram em R$ 1,66 bilhão em bens apreendidos.

 

A pasta acrescentou que a política de drogas e gestão de ativos agora inclui regiões de floresta, com foco na Amazônia Legal, e que a Força Nacional atua de maneira contínua na proteção de terras indígenas e no combate a crimes ambientais.

 

O MPI e a Funai afirmam trabalhar de forma articulada com órgãos de segurança para proteger os territórios, mas alertam que a ausência de fiscalização facilita a entrada de garimpeiros, madeireiros e facções criminosas, expondo as comunidades a riscos cada vez maiores.

 

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