
A startup de cosméticos Wepink foi autuada pelo Procon Goiás por descumprimento de prazos de entrega, falta de assistência ao consumidor e não cumprimento das obrigações previstas no Código de Defesa do Consumidor. A ação do órgão estadual ocorreu após o registro de cerca de 340 reclamações feitas entre os anos de 2024 e 2025 por consumidores que relatam atrasos excessivos, produtos não entregues e dificuldades em conseguir reembolso ou qualquer tipo de suporte pós-venda.
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Uma das denúncias que mais chamou a atenção foi de uma consumidora que afirmou estar há sete meses aguardando pela entrega de produtos adquiridos no site da marca. Segundo ela, mesmo após solicitar o cancelamento da compra e o estorno dos valores pagos, não obteve retorno da empresa. Em outro caso, de uma consumidora de São Paulo e descrito no site Reclame Aqui, a espera passa de um ano e enfrenta a mesma dificuldade para desfazer o negócio.
Para o superintendente do Procon Goiás, Marco Palmerston, o consumidor tem direito à restituição integral dos valores pagos ou à entrega imediata do produto equivalente, além de possível indenização por eventuais perdas e danos. A empresa tem 20 dias para apresentar a defesa ao Procon. A empresa tem 20 dias para apresentar sua defesa.
Insatisfação nacional
Não é só em Goiás que as consumidoras têm procurado o Procon para reclamar. No Reclame Aqui, a marca acumula mais de 32 mil reclamações nos últimos seis meses — e mais de 95 mil queixas no último ano. Os principais problemas relatados são atraso na entrega, pedido não recebido, estorno não realizado e propaganda enganosa.
Mesmo com a empresa mantendo índice de resposta acima de 90% na plataforma, 36,5% dos consumidores afirmam que não voltariam a fazer negócios com a Wepink — um indicador crítico para uma marca que se apoia fortemente em imagem e confiança.
Marketing pesado
A Wepink surgiu em 2021 e rapidamente se tornou uma das marcas de cosméticos mais faladas do país, graças à força da influenciadora Virgínia Fonseca, uma das fundadoras. Comandada também por Samara Pink, a marca se especializou em marketing direto, utilizando lives promocionais com ofertas relâmpago como principal motor de vendas. Em uma dessas transmissões, por exemplo, a marca faturou R$ 4,6 milhões em apenas 20 minutos.
A estratégia agressiva deu resultados expressivos: a empresa teria faturado R$ 378 milhões em seus dois primeiros anos de existência, segundo estimativas divulgadas pela Forbes. Somente em novembro de 2024, durante o mês da Black Friday, o faturamento teria ultrapassado os R$ 114 milhões, com mais de 723 mil produtos vendidos. A meta para 2025 é ambiciosa: chegar a R$ 1,4 bilhão em vendas.
Esses números, no entanto, contrastam com a crescente insatisfação de uma parcela significativa dos consumidores, que questiona a capacidade da empresa de honrar suas promessas de entrega e atendimento. O caso da Wepink evidencia os desafios enfrentados por marcas que crescem com rapidez e visibilidade, mas que, ao mesmo tempo, acumulam passivos de confiança que podem custar caro à reputação.
A coluna procurou a empresa Wepink, mas até o momento da publicação, não teve retorno. O espaço continua aberto.
