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Hamas aceita negociar libertação de reféns, mas evita ceder em pontos-chave do plano de Trump
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 06/10/2025 13:23
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O Hamas respondeu nesta sexta-feira, 3, ao plano de 20 pontos proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra em Gaza. Em comunicado no Telegram, o grupo disse estar disposto a negociar a libertação de todos os reféns israelenses — vivos e mortos — por meio de mediadores e a discutir detalhes do acordo.

 

A organização condicionou o entendimento ao fim permanente da guerra e à retirada completa das Forças de Defesa de Israel do enclave. Pelas estimativas mais recentes, 48 reféns permanecem em cativeiro, dos quais 20 estariam vivos.

 

 

O Hamas afirmou concordar com a criação de uma comissão independente de tecnocratas palestinos, apoiada por especialistas internacionais, para administrar Gaza. A supervisão ocorreria por um órgão de transição, o “Conselho da Paz”, presidido por Trump e com participação de outras lideranças, como o ex-premiê britânico Tony Blair.

 

Apesar do tom de abertura, o movimento não endossou integralmente o roteiro americano. O texto não menciona concordância em abandonar qualquer papel político no território — exigência explícita do plano, que prevê que o Hamas “não terá qualquer participação na governança de Gaza, direta, indireta ou de qualquer forma”.

 

Também não há referência à entrega de todas as armas, outro pilar do projeto. O grupo disse que temas de “futuro de Gaza” e “direitos legítimos do povo palestino” serão tratados em uma estrutura nacional palestina abrangente, indicando que manterá influência no debate político.

 

 

A resposta ocorre sob divisão interna. Segundo relatos de bastidores, a ala política, sediada em Doha (Catar), tende a aceitar o plano, priorizando um cessar-fogo sob garantias de Washington. Já a ala militar, baseada em Gaza, manifesta sérias reservas e defende aprovação condicionada a esclarecimentos que contemplem demandas do Hamas e de outras facções.

 

Trump impôs prazo até as 19h de domingo, 5, para uma resposta final. Questionado se haveria espaço para alterações substanciais, disse apenas: “Não muito”. Em caso de rejeição, ameaçou que “um inferno como nunca antes visto” recairá sobre Gaza.

 

 

O plano americano prevê retirada gradual de tropas israelenses e a entrega dos sequestrados em até 72 horas, com suspensão de operações militares e linhas de frente congeladas até a saída completa das forças. Em contrapartida, Israel libertaria 250 presos condenados à prisão perpétua e 1.700 detidos de Gaza após 7 de outubro de 2023, incluindo todas as mulheres e crianças naquele contexto.

 

O documento estabelece entrada imediata de ajuda humanitária, com parâmetros mínimos equivalentes ao acordo de 19 de janeiro de 2025, voltados à reabilitação de água, luz, esgoto, hospitais e padarias, além de equipamentos para remoção de escombros. A ONU, o Crescente Vermelho e entidades internacionais fariam a distribuição.

 

 

A proposta determina ainda que Israel não ocupará nem anexará Gaza, vinculando a retirada a marcos de desmilitarização supervisionados por monitores independentes. Uma zona econômica especial e um programa internacional de reconstrução seriam criados, enquanto um comitê tecnocrático palestino administraria serviços públicos até que a Autoridade Palestina concluísse reformas e reassumisse o controle.

 

 

O plano prevê anistia a militantes que aceitarem coexistência pacífica e desmantelamento de armas, com possibilidade de passagem segura a terceiros países. Também propõe um diálogo inter-religioso e admite, a depender das condições, um caminho confiável para a autodeterminação e futura criação de um Estado palestino.

 

A viabilidade política permanece incerta. Sem compromisso explícito do Hamas em abrir mão do poder e desarmar-se, pontos centrais para EUA e Israel, a negociação tende a avançar sob forte desconfiança. Enquanto isso, o custo humano do conflito segue crescente, com 66 mil palestinos mortos, incluindo 440 por fome — 147 crianças entre as vítimas.

 

 

A resposta final do Hamas ao ultimato de Trump dirá se o plano abre uma rota para o cessar-fogo e a reconstrução ou se apenas inaugura novo ciclo de impasse no conflito.

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