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Cidade do interior de Goiás vira peça-chave na disputa mundial por níquel
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 26/08/2025 14:15
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Uma transação de US$ 500 milhões envolvendo uma planta de níquel da Anglo American, localizada em Barro Alto, no Norte de Goiás, colocou o estado no centro de uma disputa geopolítica entre China, Europa e Brasil. A operação, revelada pela Folha de S. Paulo, marcou a entrada da estatal chinesa MMG no mercado brasileiro, com a compra da unidade de Barro Alto, outra planta em Niquelândia e dois projetos adicionais em desenvolvimento no Pará e Mato Grosso.

 

O caso provocou reação imediata da europeia Corex Holding, controlada pelo bilionário turco Robert Yüksel Yıldırım, que também disputava os ativos brasileiros. A empresa afirma ter oferecido quase o dobro do valor pago pela MMG e agora aciona autoridades na Comissão Europeia e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no Brasil, alegando concentração de mercado e risco à segurança de suprimento da União Europeia.

 

“Vou ser muito honesto. Meu preço foi de US$ 900 milhões. Coloque-se no meu lugar. Quando você dá um preço muito superior, espera pelo menos uma ligação explicando” afirmou Yıldırım à Folha.

 

A movimentação aumenta o domínio chinês sobre o níquel global, mineral considerado vital para a transição energética. A Corex calcula que, com a compra da MMG, mais de 60% da oferta mundial esteja sob controle de empresas ligadas a Pequim. O caso ainda está em avaliação na Europa.

 

 

Goiás na vitrine

O Mais Goiás já havia destacado que as terras raras localizadas em Goiás estavam no centro da disputa geopolítica internacional. Em entrevista concedida para o portal no final do julho, o presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Goiás (SIEEG), Luiz Antônio Vessani, destacou o potencial goiano para minérios críticos como níquel, terras raras, ouro, cobre, nióbio, fosfato e tântalo. De acordo com ele, a presença de empresas chinesas e a pressão internacional sobre ativos estratégicos são reflexo do valor dessas reservas.

 

“Nós temos todo esse arsenal de insumos que Japão, China, Estados Unidos e Europa estão buscando. Cobre, por exemplo, está em tudo que é sistema elétrico. Níquel entra em ligas de aço inoxidável. O ouro também é essencial na indústria de tecnologia”, afirmou ao Mais Goiás.

 

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Vessani também avaliou que o futuro da mineração em Goiás dependerá da capacidade do Brasil de proteger seus interesses nacionais. Ele também alerta que a demora do governo federal em reagir à imposição de tarifas adicionais pelos EUA sobre produtos brasileiros, incluindo minerais, pode afetar empregos no estado.

 

“Os americanos podem buscar alternativas fora do Brasil se não houver uma negociação firme. Isso pode gerar desemprego aqui. É preciso agir rápido” alertou o presidente do sindicato.

 

Mais que níquel

Além do níquel, Goiás abriga um dos únicos depósitos de terras raras em argila iônica fora da Ásia, em Minaçu. A região já é considerada estratégica por órgãos internacionais. As terras raras são fundamentais para a indústria aeroespacial, de defesa e para tecnologias verdes, como carros elétricos.

 

 

O secretário estadual Joel Sant’Anna Braga, em entrevista anterior ao Mais Goiás, confirmou o interesse crescente de países como Japão e Estados Unidos pelas jazidas goianas. De acordo com ele, Goiás pode se tornar um polo internacional de extração e beneficiamento de minérios raros, com geração de empregos qualificados e atração de investimentos de longo prazo.

 

Nova disputa à vista

O caso de Barro Alto pode ser apenas o início de um novo ciclo de tensão internacional envolvendo ativos minerais no Brasil. De acordo com a Folha, o Cade já foi acionado para analisar possíveis impactos na concorrência com a entrada da MMG. A Comissão Europeia também avalia se abre investigação formal. Enquanto isso, Goiás vê sua posição estratégica se fortalecer no tabuleiro global dos minerais críticos.

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