
A Polícia Federal mencionou o advogado Martin De Luca, representante da Trump Media Group e da plataforma Rumble, no relatório final que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento aponta contatos frequentes entre Bolsonaro e o advogado envolvendo ações judiciais, notas públicas e estratégias de comunicação contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em especial contra o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo a PF, mensagens extraídas do celular de Bolsonaro mostram que ele recebia petições, orientações de comunicação e até pedidos de entrevistas encaminhados por De Luca. Em julho, o ex-presidente chegou a enviar ao advogado uma minuta de publicação elogiando carta do ex-presidente Donald Trump a Lula sobre tarifas de importação e pediu que fosse revisada.
Na resposta, De Luca prometeu preparar um resumo “de como pode melhorar a comunicação do tarifaço” e, no dia seguinte, encaminhou a Bolsonaro uma petição já protocolada nos Estados Unidos pela Trump Media e pela Rumble contra decisões de Moraes. Poucos dias depois, a PF encontrou cópia impressa desse documento na casa de Bolsonaro.
Para os investigadores, a troca de mensagens constitui “indício relevante de desvio quanto à real finalidade das pretensões deduzidas pela empresa” em ações apresentadas na Justiça americana, reforçando a suspeita de tentativa de coação no curso do processo e de obstrução de investigação penal.
Defesa reage
Em nota publicada na rede X nesta quinta-feira (21), De Luca afirmou que Moraes promove “uma incansável campanha de censura” e disse que seguirá atuando “de forma transparente e profissional, sem medo”. Segundo ele, “a verdadeira responsabilização de Moraes não virá por relatórios policiais, mas nos tribunais dos Estados Unidos”.
A PF também destacou que Bolsonaro teria utilizado essas conexões como parte de uma estratégia para ampliar ataques ao STF e pressionar Moraes.
O caso segue sob análise do Supremo, com relatoria de Alexandre de Moraes, e caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir se apresenta denúncia contra o ex-presidente.
