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Haddad admite que SUS é insustentável com atual orçamento: “Brasil tem sistema universal, mas sem verba compatível”
Por Silvio Cassiano - SiCa
Publicado em 26/06/2025 12:59
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Durante o lançamento do programa “Agora Tem Especialistas” nesta terça-feira (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fez uma das declarações mais contundentes sobre a realidade do sistema público de saúde no Brasil: “O Brasil tem um sistema universal, mas não tem um orçamento público compatível com esse sistema”.

 

A frase, dita no auditório do Ministério da Saúde, escancara uma verdade incômoda que há anos é ignorada por sucessivos governos — inclusive pelo atual. O SUS, orgulho nacional desde sua criação, está à beira da inviabilidade financeira. E o novo programa apresentado pelo governo, que permite que hospitais privados e filantrópicos quitem dívidas com a União oferecendo consultas e cirurgias ao SUS, é o remendo mais recente para um tecido público esgarçado.

 

 

A ideia de transformar passivos fiscais em atendimento de saúde é uma tentativa pragmática de “fazer mais com menos” — ou, mais precisamente, de fazer o sistema funcionar sem dinheiro novo. São cerca de R$ 34 bilhões em dívidas de 3.537 instituições privadas, concentradas majoritariamente no Sudeste, que poderão ser parcialmente abatidas por meio de prestação de serviços especializados em seis áreas prioritárias: oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia.

 

Mas, no fundo, o que o programa revela é que o SUS, como ele é hoje, não se sustenta com os recursos atuais. O próprio governo admite isso ao adotar uma medida “extraorçamentária”, baseada em transações tributárias e não em reforço direto ao orçamento da saúde.

 

Para muitos especialistas, a nova estratégia tem utilidade pontual — pode aliviar filas de espera e abrir novas frentes de atendimento no curto prazo. Mas também normaliza a lógica da improvisação, em vez de tratar do problema de fundo: o subfinanciamento estrutural e crônico da saúde pública.

 

 

Com a previsão de investimento de R$ 2 bilhões por ano, o programa funciona como um paliativo para uma emergência sistêmica. A dúvida que fica é até quando o país poderá fingir que um sistema universal de saúde pode sobreviver à base de trocas, remendos e criatividade fiscal — em vez de enfrentar o óbvio: sem um orçamento compatível, o SUS caminha para a exaustão.

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