
Em passagem por Goiânia nesta segunda-feira (23), o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que entrou em greve de fome em protesto em defesa de seu mandato, apostou no tom de enfrentamento. Disse que não teme a cassação e que não está disposto a se curvar ao “poder oligárquico” que, segundo ele, domina parte da Câmara dos Deputados. A ofensiva tem nome e sobrenome: Arthur Lira.
“Todo mundo sabe que quem deu tração a esse processo foi o Arthur Lira. Ele quis se vingar de mim por eu ter batido de frente com ele e por causa das denúncias do nosso mandato sobre o orçamento secreto”, afirmou o parlamentar, em entrevista exclusiva à coluna.
Réu em um processo por quebra de decoro parlamentar, Glauber é acusado de agredir com empurrões e chutes o militante Gabriel Costenaro, do MBL, durante uma audiência pública em 2023. Em protesto contra o avanço da denúncia, ele fez uma greve de fome que durou nove dias.
O movimento ganhou repercussão nacional e terminou com um acordo firmado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), que suspendeu o andamento do caso por dois meses.
Desde então, ele tem percorrido o Brasil. Goiânia, apesar do histórico conservador, entrou no roteiro por um motivo claro. “Onde tem reacionarismo, também tem resistência. Também tem história de movimento social organizado”, justificou.
Glauber acredita que a cassação não deve avançar no plenário. Ele afirma que até parlamentares da direita reconhecem a fragilidade do processo. “Eles não vão conseguir aprovar a cassação. Se vier uma advertência ou suspensão, são outros quinhentos. Mas a cassação, com esse nível de inconsistência, eu não acredito que passe.”
Para além do julgamento, o deputado diz que o caso virou símbolo. “Essa vitória não vai ser uma concessão da direita. Vai ser a derrota de um poder que achou que eu me calaria. Eles não esperavam que eu reagisse. Muito menos que eu contra-atacasse.”
Em tempo: questionado sobre a possibilidade de disputar a presidência em 2026, Glauber foi categórico. “Essa hipótese não existe. Eu estou lutando pelo mandato. Se vier alguma candidatura em 2026, será pelo Rio de Janeiro, não para a presidência.”
