
A passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja da Silva por Paris, na França, reacendeu críticas quanto ao uso de recursos públicos para hospedagens de alto luxo no exterior. O casal presidencial está hospedado no InterContinental Paris Le Grand, hotel cinco estrelas com diárias que chegam a ultrapassar R$ 60 mil, em suítes com vista para a Ópera Garnier e mimos como travesseiros à la carte.
Segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (6), a hospedagem atual custou aos cofres públicos R$ 1.223.518,84, valor que cobre não apenas a estadia do presidente e da primeira-dama, mas também de uma comitiva composta por 8 ministros, 3 senadores, 4 deputados federais e 4 assessores especiais. A comitiva participa de eventos bilaterais e agendas diplomáticas.
O hotel escolhido não é novidade. Em junho de 2023, Lula e Janja já haviam se hospedado no mesmo local durante visita oficial à capital francesa. Na ocasião, a estadia de dois dias custou R$ 728 mil aos cofres públicos, totalizando mais de R$ 1,9 milhão em duas passagens pelo endereço.
A acomodação de destaque seria a chamada Suíte Eugénie, um duplex de 229 m², com quatro quartos, sala de estar, cozinha privativa, decoração de alto padrão e mobiliário inspirado em apartamentos típicos da aristocracia parisiense. A suíte oferece ainda vista direta para o histórico edifício da Ópera, fundado em 1669 por ordem de Luís XIV.
O detalhe que mais chamou atenção foi o menu de travesseiros, com opções personalizadas para conforto dos hóspedes — um luxo simbólico que contrasta com o momento fiscal delicado enfrentado pelo país. A repercussão da estadia ocorre poucos dias após o governo anunciar o aumento do IOF, medida criticada por setores da sociedade como forma de reforçar a arrecadação em meio ao ajuste fiscal.
Até o momento, a Presidência da República não se pronunciou oficialmente sobre os custos da viagem. O espaço segue aberto para esclarecimentos, mas o contraste entre o discurso de contenção e as cifras de hotel de luxo em Paris já provocam desgaste político e alimentam o discurso da oposição, que questiona a coerência entre as medidas econômicas adotadas internamente e o padrão de gastos no exterior.
