
A mulher de 25 anos, moradora de Itapaci, que foi internada com um quadro suspeito de intoxicação por metanol tem obesidade mórbida, etilismo crônico, e está com insuficiência renal grave. A informação foi dada há pouco pelo secretário de Estado da Saúde, Rasível dos Reis.
O secretário afirma que a paciente está sendo submetida a um tratamento com bicarbonato de sódio, indicado no caso dela, mas não está respondendo bem. Rasível diz que ela bebeu em uma cachoeira com o pai e o irmão, mas nenhum dos dois apresentou sintomas. Consumiu bebidas posteriormente em casa, e é aí que a contaminação teria ocorrido. Foi levada para emergência com um quadro de dificuldade respiratória e redução do nível de consciência, sendo necessária a intubação.
A mulher se encontra em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Centro Norte Goiano (HCN).
Metanol em Goiás: força-tarefa policial
Em razão dos episódios de contaminação de pessoas pela presença de metanol em bebidas alcoólicas nos estados de Pernambuco e São Paulo, o governador Ronaldo Caiado ordenou, na última quarta-feira (1º), que se faça uma inspeção em distribuidoras de bebidas do Estado de Goiás.
“Determinei na data de hoje (1º) uma grande ação com todas as forças policiais, junto com a área da Secretaria de Estado da Saúde, responsável pelo controle sanitário, para que se faça uma vistoria em todas as distribuidoras, extensivas a todo território do estado de Goiás”, afirmou.
O que é metanol?
O metanol é um produto químico usado em produtos industriais e domésticos, como diluentes, anticongelantes, vernizes e até fluidos de fotocopiadora. Assim como o álcool que consumimos na cerveja, no vinho e nos destilados, o metanol é um líquido incolor com cheiro semelhante ao do álcool encontrado normalmente nessas bebidas, mas muito mais barato de produzir. Isso faz com que ele seja utilizado em bebidas adulteradas.
Dificilmente, será possível perceber a adulteração na hora do consumo, dado que seu gosto e efeito é semelhante ao da bebida não adulterada. No entanto, seus efeitos prejudiciais aparecem apenas horas depois, quando o organismo tenta eliminá-lo. A ingestão de pequenas quantidade pode ser extremamente prejudicial à saúde e alguns “shots” do composto podem ser fatais.
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O álcool é metabolizado no fígado. No caso no metanol, este metabolismo cria subprodutos tóxicos chamados formaldeído, formato e ácido fórmico. Eles atacam nervos e órgãos, sendo o cérebro e os olhos os mais vulneráveis, o que pode levar à cegueira, coma e morte.
A toxicidade do metanol está relacionada à dose ingerida e ao organismo. Tal como acontece com o álcool tradicional, quanto menos você pesa, mais você pode ser afetado por uma determinada quantidade.
Normalmente, os efeitos demoram entre 40 minutos e 72 horas para aparecer. Os primeiros sinais são semelhantes ao da intoxicação por álcool e incluem problemas de coordenação, equilíbrio e fala, bem como confusão e vômitos. Ao mesmo tempo, a pressão arterial cai, resultando em uma sensação de tontura e desmaio.
Em fases posteriores – cerca de 18 a 48 horas após a ingestão – o ácido fórmico, que interrompe a produção de energia nas células, faz com que o pH do sangue caia, danificando tecidos e órgãos do corpo. Isso pode causar insuficiência renal, convulsões e até sangramento gastrointestinal.
A intoxicação por metanol tem tratamento?
Devido ao seu rápido efeito no organismo, o início do tratamento deve ser feito assim que houve suspeita da intoxicação por metanol. Em ambiente hospitalar, existem medicamentos que podem ser administrados para tentar limpar o sangue, assim como a aplicação de diálise.
O antídoto para metanol é o álcool (etanol). Isso porque a metabolização do etanol pelo fígado pode ajudar a atrasar o metabolismo do metanol e reduzir seu efeito tóxico no corpo. Mas isso tem que ser feito rapidamente.
