
A líder comunitária Alessandra Moja Cunha, presidente da Associação da Comunidade do Moinho, no centro de São Paulo, foi presa nesta segunda-feira (8) durante a Operação Sharpe, deflagrada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP). Segundo a investigação, Alessandra integrava uma organização criminosa comandada por seu irmão, Leonardo Moja, o “Léo do Moinho”, apontado como principal líder do PCC na região central da capital.
De acordo com o MPSP, a associação dirigida por Alessandra funcionava como instrumento de mobilização contra intervenções policiais e de apoio logístico às atividades da facção. O órgão afirma que ela exercia “papel importante na organização de manifestações públicas que blindavam a comunidade”, além de auxiliar diretamente o irmão em empreitadas criminosas.
As investigações revelam ainda que Alessandra era responsável por extorquir moradores interessados em aceitar a proposta do governo estadual para deixar a favela do Moinho. A facção, segundo apuração, cobrava uma “multa” que podia chegar a R$ 100 mil de quem desejasse sair do local.
A associação presidida por Alessandra foi a mesma que, em junho, recebeu a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A articulação foi negociada pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo. Dois dias após a reunião, Lula esteve na comunidade e chegou a dividir o palco com Alessandra em um ato público.
A prisão expõe constrangimento político ao governo, uma vez que a interlocução institucional acabou vinculada a uma liderança agora acusada de envolvimento direto com o crime organizado. O Palácio do Planalto não se manifestou até o fechamento desta edição.
