
Após mais de 30 horas de impasse provocado por parlamentares da oposição, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu retomar os trabalhos no plenário na noite desta quarta-feira (6). A reabertura só ocorreu após intensa articulação política, incluindo a intervenção do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
O bloqueio foi liderado por deputados bolsonaristas, em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Como forma de pressão, eles ocuparam as mesas dos plenários da Câmara e do Senado a partir de terça-feira (5), exigindo a votação de uma proposta de anistia a Bolsonaro e aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, além do impeachment de Moraes e restrições ao STF.
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Durante todo o dia, Motta e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), tentaram negociar uma saída com representantes do PL e demais legendas, sem sucesso. A situação só foi destravada à noite, após Lira entrar em cena para costurar o acordo com os manifestantes.
A sessão foi aberta por volta das 22h, sob gritos de “anistia já” e “sem anistia”. Antes, Motta havia sinalizado que parlamentares que continuassem obstruindo os trabalhos poderiam ser suspensos por até seis meses, conforme comunicado oficial da Câmara. Apesar do tom inicialmente duro, o presidente adotou uma postura conciliadora ao discursar por cerca de dez minutos, ressaltando a importância do respeito institucional e da democracia.
“Não podemos negociar a nossa democracia. O que aconteceu nessa Casa não foi bom, não foi condizente com nossa história”, declarou Motta, afirmando que o país deve estar acima de projetos individuais.
A fala foi mais bem recebida por deputados governistas, mas Motta destacou que sua atuação não visa atender a interesses de “nenhum dos polos”. Ao fim da sessão, ele reforçou o compromisso com o diálogo e com o fortalecimento do Parlamento.
Com informações da Folha de S. Paulo
