
A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), gerou preocupação no setor produtivo de Goiás. Lideranças empresariais afirmam que a medida pode ampliar tensões políticas internas, prejudicar o ambiente de negócios e até levar a novas retaliações comerciais dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump.
Para Marcelo Baiocchi, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), o momento exigia esforços de pacificação política, e não medidas que aprofundem a divisão. “Estamos precisando buscar distensionar o momento, buscar conciliação e equilíbrio. Isso acaba abrindo mais distância nesse processo”, salienta ao Mais Goiás.
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“Com certeza os Estados Unidos, através do presidente Trump, não vão recuar e vão continuar endurecendo com o Brasil, onde temos um presidente que faz enfrentamento a ele e um Judiciário que não demonstra vontade de acabar com esse problema. Isso é muito ruim para o país e atinge a todos, independentemente de posição política”, lamenta Baiocchi.
O presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg), Rubens Filetti, vê o principal problema no aumento da insegurança jurídica e no impacto imediato nos negócios. “Não é questão de Trump, Moraes ou Bolsonaro. A questão é o clima de insegurança jurídica que está se formando e isso reflete diretamente nos investimentos e no crescimento das empresas”, destacou.
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Ele, no entanto, classificou como “absurda” a ordem de prisão domiciliar impetrada contra Bolsonaro. “Depois desse absurdo que foi feito, dessa ordem de prisão domiciliar, muitas empresas já se posicionaram com preocupação para o segundo semestre. É um reflexo imediato na veia do setor produtivo e na economia”, afirmou.
A preocupação do setor produtivo ganha força, especialmente após o Governo Trump ir ao X (antigo Twitter) manifestar repúdio à decisão de Moraes. “Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”, concluiu.
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