
Com o tarifaço prestes a entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), o governo brasileiro ainda aguarda uma manifestação oficial do representante de Comércio dos EUA para tentar evitar a aplicação da sobretaxa de 50% sobre as exportações de todos os produtos nacionais. A expectativa é que Jamieson Greer, responsável pelas negociações internacionais da Casa Branca, retome o diálogo com Brasília.
Apesar das conversas recentes entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário americano de Comércio, Howard Lutnick, é Greer quem tem a caneta nas mãos para dar andamento à construção de um possível acordo. Enquanto isso, o Itamaraty se mostra disposto a avançar: o chanceler Mauro Vieira sinalizou que está pronto para ir a Washington se for convidado para uma reunião de alto nível.
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O impasse acontece num momento em que os Estados Unidos vêm fechando acordos com diversos parceiros — como Indonésia, Reino Unido, Japão e União Europeia — e o governo brasileiro tenta garantir que o país também tenha sua vez. Um dos principais pontos de interesse dos americanos são os minerais críticos e estratégicos, como lítio, nióbio e terras raras, além da regulação das big techs, que foi mencionada em reunião desta quarta-feira entre empresas norte-americanas, o Departamento de Comércio dos EUA e Alckmin.
Entretanto, há uma pedra no caminho: aliados de Donald Trump querem atrelar o tarifaço à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil. Trump estaria pressionando para que o tema seja incluído nas negociações, em retaliação às ações do ministro Alexandre de Moraes, que teve seu visto suspenso pelos EUA. Segundo fontes do Palácio do Planalto, esse tipo de pauta é inaceitável e pode atrapalhar qualquer tentativa de avanço.
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As tratativas comerciais entre os dois países já vinham sendo discutidas desde março deste ano. Estavam na mesa a manutenção da tarifa de 25% sobre o aço e alumínio e a aplicação de uma nova sobretaxa de 10% para todos os produtos brasileiros. No entanto, no início de julho, Trump endureceu o discurso e anunciou o tarifaço de 50%, politizando de vez a questão.
Agora, resta saber se o representante de Comércio dos EUA vai estender a mão ao Brasil ou se o país enfrentará mais esse desafio econômico num cenário já bastante conturbado.
