O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no fim da semana passada para tratar da ameaça de sanções feitas pelo governo Donald Trump. Segundo fontes do Planalto, Lula assegurou ao ministro que o Brasil reagirá “com firmeza” caso os Estados Unidos avancem com qualquer medida contra um magistrado da Suprema Corte brasileira. A informação é do Metrópoles.
A conversa direta entre os dois ocorreu após o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmar publicamente que há uma “grande possibilidade” de sanções contra Moraes, acusado por setores da política norte-americana de restringir liberdades civis no combate aos atos golpistas de 2022.
De acordo com interlocutores do governo, Lula reiterou a Moraes que orientou pessoalmente o Itamaraty a tratar o tema como prioritário na agenda internacional do Brasil. O presidente tem acompanhado de perto o esforço diplomático comandado pelo chanceler Mauro Vieira e informado o magistrado sobre os desdobramentos.
“É uma questão de soberania nacional”, teria dito Lula a Moraes, segundo uma fonte com conhecimento da conversa. O presidente também teria afirmado que considera inaceitável qualquer tentativa de interferência estrangeira em decisões tomadas pelo Poder Judiciário brasileiro no exercício legítimo de suas funções constitucionais.
Desde a declaração de Rubio, diplomatas brasileiros iniciaram uma série de contatos com autoridades da administração Trump. À frente das tratativas está a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, que tem repetido em reuniões reservadas que sanções contra um ministro do STF seriam vistas como uma afronta institucional e abriram um precedente grave nas relações bilaterais.
Segundo relatos de bastidores, Lula decidiu falar pessoalmente com Moraes para reforçar o apoio político e institucional diante da ameaça externa. A ligação também visou demonstrar unidade entre os Poderes num momento de tensão diplomática sensível.
A orientação do governo, no entanto, é manter discrição pública sobre o caso. O Itamaraty evitou divulgar detalhes das conversas com autoridades norte-americanas, e a Secom não comentou a ligação entre Lula e Moraes.
