
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), se reuniu na quarta-feira (7/5) com dirigentes da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) — entidade investigada pela Polícia Federal por envolvimento em descontos indevidos em aposentadorias do INSS. A reunião, no entanto, não constava na agenda oficial do ministro até a publicação da notícia e também não foi divulgada em suas redes sociais.
A informação foi confirmada posteriormente pela assessoria do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que alegou que o prazo legal para atualizar o sistema oficial de agendas é de sete dias, e que a reunião foi brevemente mencionada nos stories do Instagram da pasta, que duram 24 horas. O ministério afirmou que “não há nada a esconder”.
A ausência de registro oficial chamou atenção porque a Contag foi alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Sem Desconto, que apura a cobrança de mensalidades associativas sem consentimento de aposentados e pensionistas do INSS. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), a Contag lidera a arrecadação entre as entidades investigadas, com mais de R$ 435 milhões até maio de 2024.
Apesar disso, a entidade foi poupada pela Advocacia-Geral da União (AGU) no pedido de bloqueio de recursos apresentado na Justiça.
Encontro e pauta entregue
Durante o encontro, dirigentes da Contag entregaram ao ministro a pauta do Grito da Terra Brasil 2025, com reivindicações sobre reforma agrária, agricultura de baixo carbono, agroecologia e crédito rural. Estiveram presentes, além de Paulo Teixeira, representantes da Casa Civil, da Secretaria-Geral da Presidência, da Conab e do Incra.
A reunião foi divulgada apenas pela própria Contag em seus canais.
Em nota, o MDA defendeu o diálogo com a entidade:
“A Contag é a maior confederação de trabalhadores do campo no Brasil. O MDA dialoga com todas as entidades afins. Respeitamos a presunção de inocência. Se comprovadas ilegalidades, os responsáveis devem ser punidos e os beneficiários, ressarcidos.”
O MDA também atribuiu os desvios ao governo anterior e destacou que as investigações só foram possíveis graças à atuação da atual gestão.
O MST, citado na cobertura, ressaltou que não se trata da mesma organização que a Contag, embora ambas representem trabalhadores rurais.
