
O empresário Carlson Ruy Ferreira, conhecido dos bastidores policiais e investigado na famosa Operação Lava Jato do Rio de Janeiro, protagoniza mais um capítulo da sua longa trajetória de fraudes, corrupção e mentiras. Preso em 2020 e beneficiado por uma delação premiada relâmpago, Carlson migrou suas atividades ilícitas para longe das atenções da Justiça fluminense. Escolheu o Paraná e outros estados para repetir seu conhecido modus operandi: contratos superfaturados, serviços de péssima qualidade e distribuição de propinas.
Apesar do compromisso assumido com a Justiça — cláusula obrigatória em qualquer colaboração premiada — de não voltar a praticar crimes, Carlson seguiu ignorando o pacto. O reincidente comportamento criminoso deveria ter invalidado automaticamente os benefícios obtidos por sua colaboração. No entanto, isso não o impediu de fechar novos acordos, driblando os sistemas de controle e se apresentando em diferentes momentos até como advogado.
As investigações revelaram que a ofensiva de Carlson Ruy contra os cofres públicos foi tão volumosa que, somente no esquema relacionado ao fornecimento de merendas escolares em Curitiba, ele foi obrigado a assinar um Acordo de Não Persecução Penal com o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Paraná, comprometendo-se a pagar quase R$ 40 milhões em multas e ressarcimentos.
Mas o ciclo criminoso não parou por aí. Ainda em 2024, Carlson voltou a ser alvo de nova operação da Polícia Federal, desta vez envolvendo contratos irregulares com outras prefeituras paranaenses. Mais uma vez, buscou acordos com as autoridades para se esquivar da prisão. O problema: Carlson promete tudo, cumpre nada.
Documentos sigilosos aos quais a reportagem teve acesso mostram que o empresário continuou controlando empresas e contratos por meio de terceiros e alterações nas razões sociais, numa tentativa grosseira de esconder seu histórico. A farsa, no entanto, já não engana mais os investigadores.
Fontes do Ministério Público Federal confirmam que a paciência acabou. Os órgãos de controle já preparam medidas mais duras contra Carlson, que só não foi preso novamente por questões médicas. Enquanto isso, seus bens serão leiloados para ressarcir parte dos prejuízos causados aos cofres públicos.
A situação financeira das empresas do grupo é caótica: centenas de ações trabalhistas, salários atrasados e um passivo crescente com fornecedores e funcionários. No Rio de Janeiro e no Paraná, Carlson Ruy já é considerado um “nome tóxico” e os poucos contratos restantes caminham para rescisão. A falência, dizem especialistas, é apenas uma questão de tempo.
Nos bastidores, a estratégia de Carlson é clara: deixar dívidas impagáveis e começar do zero, utilizando laranjas ou novos parceiros comerciais que desconheçam sua longa ficha corrida. Só faltou combinar com o Ministério Público do Paraná, que prepara novas ações e já monitora os passos de prefeitos desavisados que ainda mantêm negócios com o empresário.
Para Carlson Ruy Ferreira, o fim da linha parece finalmente estar próximo. Em breve, os leitores conhecerão novos detalhes das próximas investigações.
